Trematódeos

 

Classificação dos trematódeos


Os trematódeos pertencem ao filo Platyhelminthes, sendo classificados dentro da classe Trematoda. Esses animais são vermes achatados dorsoventralmente, com corpo mole, sem segmentação, e com simetria bilateral. A classe Trematoda é composta por espécies exclusivamente parasitárias, em sua maioria endoparasitas de vertebrados. Os trematódeos distinguem-se dos cestódeos (outro grupo de platelmintos parasitas) pela presença de ventosas e pela ausência de proglotes segmentadas. Muitos apresentam ciclo de vida complexo, envolvendo hospedeiros intermediários e definitivos.

 

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS:



1. Morfologia externa


O corpo dos trematódeos é revestido por um tegumento resistente que protege contra as enzimas digestivas do hospedeiro. Possuem ventosas que auxiliam na fixação ao hospedeiro, sendo comum a presença de uma ventosa oral e outra ventosa ventral. A extremidade anterior contém a boca, e o corpo, em geral, é ovalado ou foliforme. A ausência de estruturas de locomoção indica um estilo de vida adaptado ao parasitismo interno.



2. Sistema digestório


Os trematódeos possuem sistema digestório incompleto, com boca, faringe muscular e intestino bifurcado, mas sem ânus. A digestão é extracelular e intracelular, ocorrendo dentro da cavidade digestiva e pelas células do intestino. Os resíduos da digestão são eliminados pela boca ou através da difusão pelas paredes do corpo.



3. Sistema excretor


O sistema excretor é protonefridial, composto por células-flama conectadas a túbulos ramificados que convergem para ductos excretores. Esses ductos desembocam em um poro excretor localizado geralmente na região posterior do corpo. A principal função desse sistema é a osmorregulação, além da excreção de resíduos nitrogenados.



4. Sistema nervoso e órgãos sensoriais


O sistema nervoso dos trematódeos é simples e ganglionar. Possuem um par de gânglios cerebrais conectados por cordões longitudinais que percorrem o corpo. Os órgãos sensoriais são pouco desenvolvidos, limitando-se a receptores táteis e químicos, adequados ao ambiente interno dos hospedeiros.



5. Sistema reprodutor


Os trematódeos são hermafroditas, ou seja, cada indivíduo possui órgãos reprodutivos masculinos e femininos. O sistema reprodutor masculino inclui testículos, canais deferentes e um pênis ou órgão cirúrgico. O sistema reprodutor feminino inclui ovário, oviduto, vitelário, receptáculo seminal e útero. A fecundação é interna, e muitos trematódeos depositam ovos com casca resistente no ambiente externo.




Ciclo de vida dos trematódeos


O ciclo de vida dos trematódeos é geralmente heteroxeno, envolvendo pelo menos dois hospedeiros. O hospedeiro definitivo é sempre um vertebrado, enquanto o hospedeiro intermediário, na maioria das vezes, é um molusco, como um caramujo. O ciclo inicia-se com a liberação dos ovos no ambiente. Após o desenvolvimento, os ovos liberam larvas miracídios que penetram no molusco. No interior deste, ocorrem estágios larvais como esporocisto, rédia e cercária. A cercária deixa o molusco e pode encistar em um segundo hospedeiro ou diretamente no definitivo, transformando-se em metacercária, que dará origem ao adulto.



Diversidade e exemplos de trematódeos


A classe Trematoda é diversa, abrigando numerosas espécies especializadas em diferentes tipos de hospedeiros vertebrados. Os trematódeos parasitam peixes, aves, répteis, mamíferos e até anfíbios. Cada espécie possui adaptações específicas ao seu hospedeiro e ao local do corpo onde vive, como fígado, intestino ou vasos sanguíneos. Um exemplo de trematódeo é o gênero Fasciola, encontrado em animais herbívoros. Outro gênero relevante é Clonorchis, típico de peixes e mamíferos aquáticos.



Importância ecológica dos trematódeos


Os trematódeos exercem influência significativa em cadeias ecológicas, especialmente nos ambientes aquáticos, devido à sua dependência de moluscos e vertebrados aquáticos. Além disso, por serem altamente especializados, atuam como indicadores da biodiversidade e da saúde ambiental, refletindo alterações nos ecossistemas. Seu ciclo complexo promove interações ecológicas entre diferentes espécies e níveis tróficos.

 

 

 

Imagem de um trematódeo Fascíola hepática

Fascíola hepática: exemplo de trematódeo parasita.

 

 

 


 

Artigo revisado por Tânia Cabral - Professora de Biologia e Ciências - graduada na Unesp, 2001.

Atualizado em 01/08/2025



Trematódeos Temas Relacionados
Bibliografia Indicada:

 

VILELA, Marcos Marreiro. Glossário de Zoologia. São Paulo: Atheneu, 2010.

 

Fontes de pesquisa utilizadas:

 

- RIOS, Eloci Peres e THOMPSON, Miguel. Conexões com a Biologia. São Paulo: Editora Moderna, 2016.

- GEWANDSZNAJDER, Fernando e LINHARES, Sérgio. Biologia – Projeto Múltiplo. São Paulo: Editora Ática, 2019.

 

http://www.icb.usp.br/~cewinter/Travassos/PDFs/Travassos_09a.pdf

Veja Também
DESTAQUES Pergunta e resposta sobre os plastídiosEcossistema costeiro: rica biodiversidade