O que é a disseminação de sementes
A disseminação de sementes é o processo pelo qual as sementes são transportadas do local onde foram formadas até um novo ambiente, onde poderão germinar e dar origem a novas plantas. Esse mecanismo é essencial para evitar a competição entre a planta-mãe e seus descendentes, promover a colonização de novos habitats e garantir a variabilidade genética das populações vegetais.
Importância ecológica da disseminação
A disseminação permite que as plantas ocupem diferentes espaços ecológicos, contribuindo para a diversidade vegetal e o equilíbrio dos ecossistemas. Por meio desse processo, espécies vegetais conseguem alcançar regiões mais favoráveis ao seu desenvolvimento, escapar de predadores e doenças localizadas e manter a continuidade das populações em ambientes dinâmicos.
Principais agentes de disseminação
A disseminação das sementes pode ocorrer por meio de diversos agentes naturais ou bióticos. Entre os principais estão o vento, a água e os animais. Esses vetores podem atuar isoladamente ou de forma combinada, dependendo das características morfológicas da semente e da planta que a produziu.
Anemocoria: disseminação pelo vento
Na anemocoria, as sementes são transportadas pelo vento. Para isso, muitas vezes apresentam estruturas adaptadas, como asas, papus ou formas leves e aerodinâmicas. Exemplos clássicos incluem as sementes do dente-de-leão (Taraxacum), que possuem estruturas plumosas, e do bordo (Acer), cujas sementes apresentam asas que funcionam como hélices.
Hidrocoria: disseminação pela água
A hidrocoria ocorre quando a água é o agente responsável pelo transporte das sementes. Esse tipo de disseminação é comum em plantas que vivem em ambientes aquáticos ou próximos a corpos d’água, como rios, lagos e mares. Um exemplo típico é o coqueiro (Cocos nucifera), cujos frutos flutuam e podem percorrer longas distâncias transportados pelas correntes marítimas.
Zoocoria: disseminação pelos animais
A zoocoria é realizada por animais que, de forma direta ou indireta, transportam as sementes para outros locais. Essa forma de disseminação pode ser classificada em três tipos principais:
- Endozoocoria: ocorre quando os animais ingerem os frutos e eliminam as sementes intactas em outro local, por meio das fezes. As sementes de muitas espécies, como o guaraná (Paullinia cupana), são adaptadas a esse tipo de transporte.
- Epizoocoria: acontece quando as sementes se fixam no corpo dos animais, especialmente em pelos ou penas, por meio de ganchos ou estruturas adesivas. A erva-de-passarinho (Psittacanthus) e o carrapicho (Xanthium) são exemplos desse tipo.
- Sinzoocoria: ocorre quando os animais transportam voluntariamente as sementes, como no caso de roedores que enterram sementes para consumo posterior, mas nem sempre as recuperam. Esse comportamento favorece a germinação em locais seguros.
Autocoria: disseminação pela própria planta
Na autocoria, a planta é capaz de dispersar suas sementes sem a ajuda de agentes externos. Existem mecanismos específicos que permitem essa forma de disseminação, como a explosão dos frutos secos, que lançam as sementes a certa distância. Um exemplo é a ervilhaca (Vicia), cujas vagens secas se abrem bruscamente e projetam as sementes no solo.
Adaptações das sementes para a disseminação
As sementes apresentam uma variedade de adaptações que favorecem sua disseminação. Entre elas estão: estruturas aerodinâmicas para o vento, resistência à água, ganchos para fixação em animais, cores e sabores atrativos para a ingestão por fauna, e mecanismos explosivos de deiscência. Essas adaptações são resultado de pressões evolutivas que favoreceram plantas com maior capacidade de colonização.
Relação entre disseminação e germinação
A disseminação eficiente permite que a semente chegue a um ambiente propício à germinação. Ao afastar-se da planta-mãe, a semente encontra melhores condições de luz, nutrientes e espaço, aumentando as chances de estabelecimento da plântula. Assim, a disseminação é uma etapa crucial no ciclo reprodutivo das angiospermas e gimnospermas.
Exemplos de plantas com estratégias específicas de disseminação:
- Dente-de-leão (Taraxacum): anemocoria com papus que funcionam como paraquedas.
- Coqueiro (Cocos nucifera): hidrocoria com frutos flutuantes e resistentes à salinidade.
- Mamona (Ricinus communis): autocoria com frutos que explodem ao secar.
- Lobeira (Solanum lycocarpum): endozoocoria, pois seus frutos são consumidos por lobos-guarás.
- Carrapicho (Xanthium): epizoocoria com frutos espinhosos que aderem a animais.
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Zoocoria: o animal como o fruto e transporta (dentro ou fora do corpo) as sementes para outros ambientes.
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Artigo revisado por Tânia Cabral - Professora de Biologia e Ciências - graduada na Unesp, 2001.
Atualizado em 29/07/2025