O que são as arqueobactérias?
As arqueobactérias são organismos unicelulares procariontes, ou seja, não possuem núcleo celular delimitado por membrana, assim como as bactérias. No entanto, pertencem a um domínio distinto, o Archaea, devido à presença de características moleculares exclusivas. A análise de sequências genéticas demonstrou que as arqueias estão mais próximas dos eucariontes do que das bactérias verdadeiras, o que sugere um papel importante na origem das células eucarióticas.
Esses seres microscópicos podem viver tanto em ambientes moderados quanto em condições extremas, como fontes termais, ambientes altamente salinos ou com acidez elevada. Sua versatilidade metabólica permite realizar processos como a metanogênese e a quimiossíntese.
Características das arqueobactérias
As arqueobactérias apresentam um conjunto de características que as diferencia das demais formas de vida:
- Estrutura celular: são procariontes, sem núcleo e organelas membranosas, mas sua parede celular não contém peptidoglicano, substância presente nas bactérias verdadeiras.
- Membrana plasmática: seus lipídios de membrana têm ligações éter, em vez de ligações éster, conferindo maior estabilidade térmica e química.
- Metabolismo: possuem metabolismo extremamente diversificado, podendo ser aeróbias ou anaeróbias. Muitas são autotróficas, utilizando fontes inorgânicas de energia.
- Reprodução: reproduzem-se assexuadamente por divisão binária, brotamento ou fragmentação.
- Resistência: muitas espécies são extremófilas, tolerando calor intenso, alta salinidade, acidez extrema ou ausência de oxigênio.
Tipos de arqueobactérias
As arqueias podem ser classificadas em diferentes grupos de acordo com o ambiente em que vivem e o tipo de metabolismo que apresentam. Os principais grupos são:
- Halófilas extremas
As arqueobactérias halófilas habitam ambientes com elevadíssimas concentrações de sal, como lagos hipersalinos e salinas artificiais. Necessitam de grande quantidade de cloreto de sódio para sobreviver. Algumas espécies utilizam a luz solar para produzir energia, por meio da proteína bacteriorrodopsina.
- Termoacidófilas
As arqueias termoacidófilas são adaptadas a ambientes com temperaturas elevadas e pH muito ácido, como fontes termais, poças de lama vulcânica e geisers. São capazes de sobreviver a temperaturas superiores a 80 °C e pH abaixo de 2. Possuem enzimas que se mantêm estáveis nessas condições extremas, sendo de grande interesse para a biotecnologia.
- Metanogênicas
As arqueobactérias metanogênicas vivem em ambientes anaeróbicos, como pântanos, sedimentos marinhos e trato digestório de ruminantes. Realizam a metanogênese, processo em que convertem dióxido de carbono e hidrogênio em metano, sendo fundamentais no ciclo do carbono. São as únicas formas de vida conhecidas que produzem metano como subproduto do metabolismo.
- Psicrófilas e alcalófilas
Algumas arqueias adaptaram-se a ambientes frios (psicrófilas), como regiões polares e fundos oceânicos, ou a ambientes com pH extremamente básico (alcalófilas), como lagos alcalinos. Essas adaptações demonstram a ampla diversidade ecológica das arqueobactérias.
Exemplos de arqueobactérias
A diversidade de arqueias é ampla, e várias espécies foram estudadas em detalhe:
- Halobacterium salinarum: espécie halófila extrema encontrada em salinas. Possui pigmentos roxos sensíveis à luz usados na fotossíntese rudimentar.
- Thermoplasma acidophilum: arqueia termoacidófila que vive em ambientes extremamente quentes e ácidos. É utilizada em estudos sobre estabilidade proteica.
- Methanobrevibacter smithii: espécie metanogênica encontrada no intestino humano, onde participa da digestão de alimentos.
- Pyrococcus furiosus: vive em fontes hidrotermais submarinas a temperaturas superiores a 100 °C. Suas enzimas têm grande potencial na indústria biotecnológica.
- Methanosarcina barkeri: arqueia metanogênica presente em sedimentos e esgotos, com importância na produção de biogás.

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Colônia de Haloferax: exemplo de arqueobactérias. |
Artigo revisado por Tânia Cabral - Professora de Biologia e Ciências - graduada na Unesp, 2001.
Atualizado em 13/08/2025